segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Cera de ouvido

Esta cronica é um presente de Ano Novo para vocês. É um texto de Literatura Fantástica, contendo vários componentes do gênero.
Aviso: não é um texto infantil, apesar da ilustração.
Quem conseguir ler até o fim, por favor, coloque um comentário lá no fim da página, para que eu saiba o que está bom e o que não está. Quem não conseguir, me diga onde parou e porquê.
Muito obrigado e boa leitura.




Cera de ouvido



Eu estava lá. Na última missão do Coronel Blacksword. E acredito que tive muita sorte, pois mudou minha vida radicalmente.
Ainda me lembro de cada detalhe, de cada palavra que foi dita naquele dois de janeiro de 2221, um dia que entrou para a história e que antes disto entrou definitivamente em minhas memórias.
Lembro que naquele dia acordei de ressaca, depois das comemorações do Ano Novo dentro da nave, já que ninguém conseguiu autorização para desembarcar no planeta.
Embora ainda faltasse um ano para 2222, o “All-Two-Year” que era festivamente esperado por todos, aquele réveillon também foi muito especial.
Eu dividia um alojamento com o Jackson, o oficial auxiliar de Telecomunicações da nave, que também tinha formação em Prospecção Espacial. Foi ele quem descobriu a existência daquele planeta, e de certa forma era o responsável pela nossa presença ali. A descoberta oficialmente foi creditada para a Base de Pesquisas Espaciais de Júpiter, cuja única tarefa era pesquisar planetas que pudessem conter água, depois que acabou a água potável da Terra. Mas Jackson me confidenciou que foi ele o primeiro a encontrar os sinais de ouro em abundância naquele planeta. Eu não tinha nenhum motivo para duvidar, pois todos sabiam que ele realmente tinha vindo daquela Base, transferido temporariamente para esta missão.
Havíamos partido da Base Militar de Saturno em três de dezembro, nove naves militares mônicas, sendo que quatro eram cruzadores de combate e cinco eram enormes naves cargueiras. Depois de viajar vinte dias à velocidade da luz, entramos na orbita do planeta na véspera do Natal. Era estranho que todos ainda se lembrassem destas datas comemorativas, que não faziam nenhum sentido no espaço. Como Jackson dizia, isto é coisa de terráqueos terrenos. Sendo oficial de Telecomunicações, ele sabia de outras culturas que também tinham datas comemorativas, cada uma em seu calendário próprio, mas em nenhuma delas havia uma unidade cultural como entre os terráqueos.
Eu não entendia metade do que ele falava, mas gostava dele apenas por falar comigo. Recrutas em naves espaciais militares sempre foram tratados como lixo. Principalmente nas que eram comandadas pelo Coronel Blacksword.


(Trecho removido. Como este texto foi transformado em e-book, para atender as normas da Amazon não pode estar integralmente publicado aqui. Peço desculpas a quem ainda não leu. Mas não se desespere. O ebook ficou com aparencia profissional, e estou planejando lançar o mesmo conteúdo em formato de livro de bolso, em papel, edição para colecionador.
A edição completa está aqui: http://www.amazon.com.br/dp/B015ONAGBA).

* * *

O ano anterior ao All-Two-Year começou mudando minha percepção para sempre.
Não tenho como saber o que é mentira e o que é verdade, mesmo tendo estado lá.
Prefiro pensar que faço parte de uma espécie superior e que minha cabeça contém uma substancia rara. Eu mesmo retiro os excessos, usando simples cotonetes. Espero não perder a cabeça por causa disto.