domingo, 7 de dezembro de 2014

Quem é Alana?

As opiniões até agora são um pouco conflitantes:

Para Claudius ela é a mais maravilhosa das deusas.
Para Katsumí é uma metidinha insuportável.
Para os Caçadores ela é um "demônio sanguinário".
Para o velho moleiro ela é um anjo.
Para Shogun é apenas uma propriedade extraviada.
Para Cora ela é uma privilegiada de dar inveja.
Para Alice é uma das mulheres mais poderosas do planeta.
Para Espério ela é a primeira de uma nova espécie.
Para Sophie é uma ameaça que deveria continuar morta.
Para Noboiushi é uma criança inteligente e sorridente.
Para Apolônio ela é uma fraude.
Para os soldados mortos ela é a morte em pessoa.

Algumas respostas estão no livro "O sorriso de Alana".
Outras estão no "O rapto de Alana" que será lançado em breve.
Logo mais novidades.

clovisnicacio.wix.com/escritor

Clóvis.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Convite oficial

Na próxima terça, 30/09/2014 ocorrerá o lançamento oficial do livro "O sorriso de Alana" na Livraria Martins Fontes, Loja Paulista, na Avenida Paulista, 509 - em frente a estação do Metrô Brigadeiro.

Todos os que comparecerem ganharão amendoins grátis e uma dedicatória personalizada no livro.

Espero todos lá. Entre 18:30 e 21:30 horas.

"Um país se faz com homens e livros." - Monteiro Lobato



quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Anos 70 - Coletânea: Contos da Periferia

Relançamento: publiquei novamente os Contos da Periferia, desta vez como um livro único, disponível em papel e em formato e-book. Virou uma Coletânea de contos sobre os Anos 70.

Tem diferenças: além dos 12 contos originais foi incluído mais um: "A professorinha".

A Editora Perse oferece 10 páginas grátis como degustação, suficientes para ler a primeira estoria completa. É só entrar no link abaixo e teclar em "Visualizar paginas".

Como diz o Sr. Mogenir, um escritor que conheci na Bienal do Livro: "Quem ler o primeiro conto e gostar, compra o livro!"
Espero que todos gostem.

A Editora entrega o livro em papel em aproximadamente 10 dias, e o ebook (formato PDF) é disponibilizado na hora.

Para ver mais, façam uma visita através deste link: Editora Perse



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Programando a felicidade

Dialogo alguns séculos no futuro:

- Lun Li, como isso é possível? Qualquer sentimento é apenas uma frequência diferente da mesma energia?
- Sim, meu bem, mas não é só a frequência que muda, também tem a duração e a intensidade, como as notas musicais.
- E os sentimentos complexos, como a Felicidade, por exemplo?
- Felicidade não é complexa, é um dos mais simples. É um efeito colateral que ocorre quando as conexões neurais se carregam continuamente de energia positiva, provocando um aumento na capacidade da sua essência. Sem trocadilhos, Lun Jin ficou muito feliz quando ela criou esse sentimento.
- Ei, calma aí. Ainda não consigo acompanhar a lógica dos anjos. Explique em termos práticos.
- Certo. Felicidade é como um estímulo, uma recompensa de Deus para quando você evolui sua alma de forma constante. Ficou mais claro?
- Falando assim, até parece que podemos nos programar para sermos felizes..
- É claro que vocês podem, essa é a ideia. Felicidade e Satisfação tem a mesma frequência, só muda a duração e a intensidade. Vocês só tem que fazer coisas simples, que os deixem satisfeitos por toda sua vida. Se for bem feita, vocês serão lembrados até depois da sua morte.
- Você deve estar brincando. Uma coisa simples, que me deixará feliz por toda a minha vida e serei lembrado até depois de morrer. E vai evoluir minha alma. Por acaso, você pode me dar um exemplo, minha cara anjinha?
- Fácil, querido. Um básico: ensine uma criança a ler!

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Nova Comissão Técnica da Seleção de Propinópolis

TV: - Estamos aqui, amigos de Propinópolis, para decidir os nomes que integrarão a nova Comissão Técnica da Seleção de Futebol. Do meu lado direito, o Presidente da FIFA, Sr. Suiço e do meu lado esquerdo, o Sr. Carioca, Presidente da CBF.
Suiço: - Chega de enrolação, daqui á pouco tenho outro compromisso inadiável. Já decidiram os nomes? Para manter o padrão FIFA, pelo menos um da equipe deve ser alemão, já que vocês provaram que não entendem nada de futebol.
Carioca: - Atualmente não temos nenhum técnico alemão disponível para assumir.
Suiço: - Então vou indicar um amigo de infância, matamos muitos passarinhos juntos quando crianças. Pode assumir o cargo de médico da Seleção, o Dr. Josef Mengele.
TV: - Mas o Dr. Mengele não está morto?
Suíço: - Ele foi convocado pela FIFA. Morte não é desculpa para recusar.
TV: - E ele conhece mesmo futebol?
Suíço: - Examinei o dossiê dele pessoalmente. Está em alemão, mas veja o apelido: "Matador". E o dossiê está repleto das palavras "campo" e "concentração". Ele é o nome perfeito para o cargo.
Carioca: - Certo, preenchemos uma vaga. Também tenho um nome para a Coordenação Técnica. Uma pessoa que está se destacando muito, uma cantora chamada Pensadora Popozuda.
Suíço: - Uma mulher na Coordenação? Isso parece inovador. Quais os méritos dela?
Carioca: - Ela conhece tanto de futebol quanto o antigo Coordenador e tem atributos até para substituir o Hulk. Além disso, vai atrair muitos novos patrocinadores.
Suíço: - Argumentos imbatíveis. Só falta o Técnico. TV, você que é uma sumidade em futebol, indica alguém?
TV: - Como diz um amigo nosso, a regra é clara. Para atender o padrão FIFA, precisamos de um nome que tenha aparecido recentemente, que conhece técnicas e táticas, que sabe posicionar os jogadores e a característica de cada jogador, e que tem o respeito de todo o País. Indico o Caio Ribeiro e a sua mesa tática.
Carioca: - O Caio preenche todos estes quesitos?
TV: - Eu estava falando da mesa, mas o Caio também é bom.  
Carioca: - Então fechamos. TV, agende uma coletiva em rede nacional na sua TV para que eu faça o anuncio oficial. Suíço, ainda dá tempo de atender seu outro compromisso?
Suíço: - Se eu correr, vejo no meu apartamento. Se não der, terei que ver na Internet mesmo. Não posso perder nenhum capítulo da novela das oito.

Moral da estória: A Seleção tem jeito, só falta virar a mesa.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Relatório da semifinal


Arbitro: Priiiiiiii. começa o jogo.
Brasil: Vamos ver como se comporta o substituto do Neymar...
Alemão: Gol
Brasil: Ei, calma, eu estava falando do Neymar.
Alemão: Gol
Brasil: Pára com isso, ainda nem falei do Neymar.
Alemão: Gol
Brasil: Qual é? Não vai deixar eu falar do Neymar?
Alemão: Gol.
Brasil: Tá legal, vou falar do substituto do Thiago Silva.
Alemão: Gol
Arbitro: Priiiiiiii, final do primeiro tempo.
Arbitro: Priiiiiiii, começa o segundo tempo.
Brasil: Mudamos tudo. Agora vai dar para jogar sem Neymar e Thiago Silva...
Alemão: Gol e gol
Brasil: Agora chega. Vocês vão ver como se joga. Acorda, Oscar. Viu? Gol do Oscar...
Arbitro: Priiiiiiii, tempo esgotado. Fim de jogo.

Conclusão: A "Copa das Copas" não passou de um sete-um...

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pesquisa: por quê tantas prorrogações na Copa?

As oitavas de final da Copa do Mundo terminaram com um fato pelo menos curioso: 62,5% dos jogos (cinco em oito) tiveram prorrogação, precisando de 120 minutos para terminarem ou levar a decisão para pênaltis.
Qual seria o motivo disto?
Abaixo seguem algumas alternativas. Escolha a que melhor se aplica na sua opinião, ou apresente a sua, se não concordar com nenhuma.
Divirta-se.

1- Os times são muito bons e não deixaram os adversários fazer gols no tempo regulamentar.
2- Os times estão muito ruins e não conseguiram fazer gols no tempo regulamentar.
3- A FIFA está testando aleatoriamente um novo tempo regulamentar de 120 minutos.
4- Os jogadores gostaram tanto da Copa que não querem jogar só 90 minutos.
5- Foi mandinga dos torcedores, para prorrogar o tempo nos estádios, tentando valorizar o custo dos ingressos.
6- Foi influencia dos patrocinadores, para aumentar o tempo de exposição dos jogadores.
7- Foram falhas da arbitragem.
8- Foi influencia do PuTo (“Putrefus Totalis”), o partido da situação, para manipular as estatísticas e provar que esta é a Copa das Copas, inclusive em minutos jogados.
9- Foi culpa da oposição, para provar que a Copa foi mal organizada e nem conseguem terminar os jogos em 90 minutos.
10- Foram os marcianinhos verdes, estudando por quanto tempo o povo consegue ficar alienado, em preparação para a invasão.
11- Foi mais um golpe do Dahakrift, expandindo “O Enigma das Fronteiras”, antes de dominar o mundo, misturando Céu, Terra e Inferno.
12- Os jogadores, árbitros e torcidas foram hipnotizados por vampiros, comandados por Shogun, inconformado porque Alana, uma das suas doze noivas, o abandonou e veio se esconder no Brasil.
13- Foi culpa do alinhamento dos planetas, graças a influencia de Júpiter sobre Saturno, depois que Plutão foi rebaixado.
14- Foi provocado pelas Agencias de Informação americanas, para neutralizar os bolões tupiniquins e as apostas feitas nos cassinos de Las Vegas.
15- Foi orientação das Redes de TV, para aumentar o tempo das transmissões e cobrar mais dos patrocinadores.
16- Foi um complô dos machistas para aumentar o tempo do futebol e diminuir o tempo das novelas e outros programas feministas obrigatórios.
17- Foram programados antecipadamente pela elite branca endinheirada, para aproveitar mais as poltronas estofadas, as decorações com mármore de carrara, as cortinas e tapetes importados, e o serviço de garçons nas arquibancadas, dos Estádios cheirando a tinta fresca feita com pigmentos especiais, construídos no padrão FIFA e que serão pagos pela população nos próximos trezentos anos.
18- Foi apenas mais uma atividade de rotina da Vandalobrás.
19- Todas as anteriores.
20- N.D.A.


Opine. Isto é uma pesquisa.
Deixe sua opinião como um comentário, abaixo. Este modelo de blog não tem campos para pesquisas tradicionais.
Muito obrigado.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Volume 3 - Os guerreiros de Alana - Amostra Gratis (Susan Eagles)

Capítulo 3 - Polícia Montada


Susan detesta banheiros de avião. Mas não pode negar que se sentia muito mais confortável quando saiu do cubículo, com a pistola especial alojada de volta na cartucheira presa na coxa.
Quando não estava armada ou enquanto a pistola estivesse descarregada ela se sentia completamente nua, não importa que roupa estivesse usando. Nunca gostou de chamar a atenção, mesmo sendo uma morena clara de 1,70, cabelos longos e negros, lábios carnudos geralmente com pouco batom, apenas o suficiente para combinar com a maquiagem leve. Neste momento vestia uma saia folgada preta, que ia até os joelhos, uma blusa de algodão azul clara, um casaco leve e botas curtas. Se algum peludo se atrevesse a estar no mesmo avião, seria fácil sacar a pistola e acertar duas pequenas balas de prata de calibre .22, bem entre os olhos da besta.
Tiros certeiros são sua especialidade. Com vinte e oito anos de idade, fazia cinco que mantinha o título de Campeã de Tiro da RCMP, a Royal Canadian Mounted Police, não apenas atirando com pistolas, mas também com rifles de longa distancia. Isto já era suficiente para lhe dar o direito de viajar armada, mas suas pistolas e rifles precisam seguir no compartimento de cargas do avião, embora ela preferisse tê-los sempre á mão. Estava sempre viajando para novas competições, representando a organização considerada como a melhor polícia do mundo.
Desafiava todos os protocolos, trazendo a pequena Glock especial dentro do avião, uma pistola de polímeros plásticos invisível aos Raios X, única no mundo e feita sob encomenda. Mas tinha que entrar com sua preciosidade descarregada, porque a munição não era indetectável. Para contornar o problema, embarcava com duas balas de prata escondidas nos brincos, disfarçadas de pingentes. Depois que o avião decolava, sempre precisava ir ao banheiro, para carregar a pistola e devolvê-la para a cartucheira de silicone presa na coxa.
Seguia esta rotina apenas porque estava numa missão não oficial. Missões oficiais permitiam que ela viajasse com o uniforme de Tenente da Policia Montada, levando armas na cintura. Mas desta vez não era o caso.
Lembrava-se da conversa que teve pela manhã. A intendente apareceu na sala logo depois que ela chegou da caserna, voltando do café da manhã:
- Susan, o Superintendente Eagles está te chamando, na sala dele.
- Disse do que se trata, Marjorie?
- Não, mas me pareceu bastante agitado.
- Lá vem bomba. Obrigada.
As duas trabalhavam juntas há tantos anos que muitas vezes esqueciam o protocolo, se tratando pelo primeiro nome. Susan não podia deixar o Superintendente esperando. Imediatamente atendeu à convocação.
- Mandou me chamar, papai?
Quando não havia mais ninguém na sala, pai e filha podiam se tratar sem formalidades, quase esquecendo que ambos eram oficiais.
- Sente-se Susan. Tenho uma missão para você. Seu avião parte esta noite.
- Oba, faz tempo que não passeio um pouco. Voo noturno? Para onde a RCMP vai me mandar agora?
- Não é uma missão da RCMP. Você vai como Hunter.
Susan ficou séria na hora. Além de Polícia Montada, ela e o pai também são integrantes da Lycan Hunters, uma divisão secreta da RCMP especializada em combate a lobisomens.
- O que está acontecendo, papai?
- Lembra quando te contei do lugar chamado Mar de Arvores?
- Sim, uma floresta no Japão que provavelmente esconde uma matilha muito antiga. Muitos corpos são encontrados lá todos os anos.
- Exato. Temos um agente infiltrado na equipe que vasculha a floresta e ele nos contactou há três dias. Disse que ouviu uma estória sobre corpos semi devorados aparecendo no centro de Tóquio.
- Então acha que os peludos estão migrando para uma floresta de concreto?
- Tem mais: são corpos secos. O sangue foi retirado antes de serem devorados.
- Como assim? Nunca ouvi falar que os peludos adotassem uma dieta deste tipo.
- Conversei com Shokiro, o comandante dos Hunters no Japão. Ele confirmou os boatos. Ele sugeriu que pode haver alguma ligação entre os peludos de lá e vampiros.
- Impossível, são inimigos mortais.
- Se estão agindo na mesma área vamos ter problemas. Ou pode ser apenas coincidência, pois lupinos nunca se sujeitariam a ficar com sobras. Shokiro conhece uma agente dos Caçadores de Vampiros, uma russa que atua por lá. Já trabalharam juntos em alguma coisa no passado. Ele pediu ajuda para a agencia dela. Responderam prontamente.
- Então devo ir ao Japão esclarecer essa coisa toda.
- Não, você vai para o Brasil. A tal agencia disse que enviaria agentes locais para colaborar na investigação em Tóquio, e pediram uma reunião entre nosso melhor especialista em lupinos e a melhor especialista em vampiros que eles tem. O encontro será em São Paulo.
- Do nosso lado sou eu?
- Eu mandaria o Michael, mas ele ainda está ocupado com os peludos da Colômbia. Não queria te envolver com vampiros.
- Posso me virar, papai. E na volta ainda posso passar na Amazônia e socorrer meu irmãozinho.
- Michael te mata se você aparecer por lá... Mas como te conheço, vou preveni-lo da possibilidade...
Depois da conversa ela teve bastante tempo para arrumar suas malas, incluindo um conjunto de pistolas e rifles acompanhados de muita munição de prata pura, extraídas das minas canadenses de propriedade da família. Do quartel seguiu direto para o Aeroporto Toronto Pearson, para embarcar quase ás 23 horas. A previsão era voar mais de dez horas, num voo da Air Canada direto para São Paulo.
Aproveitou o tempo no aeroporto antes do embarque para pesquisar sobre a tal especialista.
Seu pai disse que o nome da mulher é Alana Ghosten. Deveria ser alguma escritora ou jornalista, cheia de publicações sobre o assunto, mas ficou frustrada quando não encontrou nenhuma referência, sobre assunto nenhum.
Ficou imaginando se aquele seria um codinome para alguma agente secreta. Podia indicar que a agencia dos Caça-Vampiros é organizada. Imaginou a mulher como uma velhinha de óculos, toda enrugada, uma devoradora de livros, tipo aquelas secretárias de bibliotecas que se veem nos filmes.
O avião pousou no Aeroporto Internacional de Guarulhos quase ao meio dia, com duas horas de atraso, sob um sol abrasador, muito mais quente do que ela estava acostumada. Por sorte trouxe óculos escuros. Demorou mais de meia hora para recuperar sua bagagem e se dirigir para a área de desembarque.
Imaginou que a agencia enviaria alguém para recebê-la, mas ficou surpresa quando viu a menina segurando um cartaz improvisado onde se lia "Miss Eagles". Era uma jovem japonesinha muito bonita aparentando uns vinte e poucos anos. Deve ser a secretária da velhinha que provavelmente tem alguma dificuldade para se locomover.
Seguiu na direção da menina e ao chegar a um metro dela, se apresentou:
- Susan Eagles.
Ficou pasma quando a garota respondeu, em perfeito inglês, lhe oferecendo um sorriso encantador:
- Welcome to São Paulo, Miss Eagles. I am Alana Ghosten, your hostess. Can I call you just Susan?

sexta-feira, 21 de março de 2014

Origem do arquivo de texto: desconhecida

BioLogger Voice Start Stardate: 35621.6 EarthDate: 2358/08/15-21:22

  • Já estou terminando. Só mais dois minutos.
  • Luna está me ensinando sobre as falhas temporais. A tempestade solar lá fora é perfeita, mas só vai durar alguns minutos.
  • Claro. Estes Enercomputer modernos tem a lixeira conectada na mesma frequência energética do Sol. Se eu deletar um arquivo no momento exato de uma explosão, o arquivo vai parar no passado.
  • Ele sabe. Quem mais poderia saber disto senão o deus do tempo?
  • Não pode ser tão longe. Não haviam bases de dados naquela época. No máximo podemos chegar no final do século XX.
  • Calma, já vou cuidar de você, tia.
  • Ai, não precisa beliscar. Não vou mais te chamar de tia, tia.
  • Ai, esse doeu mais. Eles voltam em uma hora. Nosso marido está no tunel 490 e nossa esposa no 723. Mas por quê a pergunta, é só olhar no seu BioLogger.
  • Está louca, querida? Você disse que queria tirar a roupa, mas isso não inclui todos os seus equipamentos de segurança. Uma MiningWoman experiente como você devia saber disto.
  • Não estou brigando, querida. Não esqueça que você tem dois maridos e uma esposa que não suportariam viver sem você.
  • Tá certo. Desculpa. Por favor, ponha seu BioLogger. Não precisa vestir a roupa agora. Só falta 59 segundos. Nem precisa ligar seu VoiceRec, o meu já está ligado.
  • Liguei faz dois minutos, regulado para gravar só minha voz. É para criar um arquivo descartável. Se alguém ler isto vai pensar que sou um louco que fala sozinho.
  • Programei o alvo para 2010, com folga de 5 anos para mais ou para menos. Luna consegue uma precisão de poucas horas, ainda vou aprender como ele faz.
  • Só falta uma keyphrase. Que tal esta: “O verdadeiro nome do Titã Cronos é Lun Nah!”?
  • Luna não deve se importar. É uma verdade e ninguém em 2010 vai entender.
  • Acesse a Estelarnet e procure a keyphrase. Eles tinham poucas bases de dados globais naquela época. Tente a Yahoo ou a Google.
  • Pronto. A deleção vai acontecer no momento exato, em 15 segundos.
  • Vou fechar o arquivo. Vamos ver em que ano ele aparece.

BioLogger Voice Stop Stardate: 35621.6 EarthDate: 2358/08/15-21:25

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Alana está nas ruas



Finalmente, um sonho que se realiza: este não foi como os descritos no final da pagina 27 do livro.
"O sorriso de Alana" está sendo distribuído para diversas livrarias.

A Editora All Print anuncia: 
"Temos uma equipe pronta para divulgar a venda do seu livro através do nosso site, da Livraria física da editora, das bienais e com diversos distribuidores e livrarias. Uma parceria formada com a Saraiva/Siciliano, Livraria Cultura, Cia dos Livros e Martins Fontes."

Se alguém não encontrar o livro, fale comigo, através da aba CONTATO do meu site (http://clovisnicacio.wix.com/escritor) e vamos negociar. Posso oferecer desconto, mesmo para uma única unidade e enviar pelo Correio. 

O site também descreve meus próximos projetos. Tem um monte de ideias malucas na minha cabeça, não foi por acaso que Alana é descrita como "estrategista". Espero que ela me ajude como ajudou Claudius. E que não me mate.

Curiosos? Leiam o livro. Apesar das mortes que tem neste volume, a guerra para valer só vai começar no Volume 2 da trilogia. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"A diretora Katsumi", também em portugues.



Mais um lançamento: a primeira "Crônicas de Vampiros" em português.

Cuidado meninas: não andem sozinhas á noite em Brasília.

A poderosa diretora Katsumí saiu do seu Clube para caçar, em sua Range Rover negra. Está entediada, com sede de sangue humano e irresistivelmente vestida para matar. Antes do sol nascer ela fará outra vítima. Mesmo que os donos dela interfiram...

Clique para ver na Amazon (formato Kindle, para PC, Android ou iOS):
http://www.amazon.com.br/A-Diretora-Katsum%C3%AD-Cronicas-Vampiros-ebook/dp/B00JJAI3VK/qid=1398646595

Clique para ver na Kobo: http://store.kobobooks.com/Search?Query=9788591680528

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

New year, new project

To all my foreign friends and those I hope to become my friends:

In a few more days my first book, printed in Portuguese, will be released, closing the first cycle.

In 2013 I had twelve tales published in ebook format, finished the year reviewing the second book and started to write the third. This year promises to be even better.
To start, see below the translation of the post where I issued one of the characters from the second book. One of the six more powerfull women of the world, according to the story.
This post brought me a problem. The other characters were jealous. One of them demanded her own book. Soon you will be presented to "The director Katsumi", a chronicle already translated to English. I can't play with that powerful vampire woman.

Next cycle will be the translation of my other books to English.
So I will make a request: If you find any flaw, meaningless sentences, dubious meaning or any nature of error in this translation, please let me know. I will appreciate any help on this.

The photo is not of the character, is the Italian actress Sophia Loren at 31 years old, the same age of the character described in the text.
It is the face that Jean Pierre haven't seen.




The unseen thing


In 1998 the situation in Algeria was very delicate. A civil war was going on. There was some evidence that vampires could be involved, promoting carnage among the poorest most remote of the civilized centers. Preliminary investigations suggested a possible formation of terrorist cores. A team of three officers was sent from Paris to the Southeast region of the Sahara desert, following some clues left by a local militia, to investigate the possible participation of vampires. The last radio communication from the team, made the day before, said they were close to finding a lair, with at least six targets.
The beautiful brunette Alice was concerned about that mission. It was she who had sent Luí Gerard to investigate, accompanied by two agents without much experience, thinking it would be just a stroll along the sands of the desert. A simple job, nothing dangerous. But now something in her heart was tight. No one on the base could even imagine that she was having an affair with Luí Gerard. A relationship like this was against the rules of the Organization and she knew she had a duty to set an example. If anyone else foud out, she would lose her post and it would complicate the life of the general Commander, Joseph Espério, who believed in her.
The complications began in the morning, in the first hour of the day, when she read the reports received during the early hours. The last vampire interrogated the day before, in the skillet in Cairo, before frying revealed that the Algerian militia was under influence of vampires, and so those clues received before led into a trap. They shouldn't have sent researchers, but a full team of attack. Luí Gerard and the two agents could be following up against a stacked deck.
Called the communications agent in service:
- Raphael, can we call our agents back, or at least warn them?
- No Ma'am, they are in the middle of the desert. Their plan was to follow by land, in a jeep, photographing the site, recording the coordinates for the strike team and back before the sun goes down.
- So we have to send another rescue team, and fast. Who is available now?
- Here in Paris we only have an inexperienced agent, Henry. To get the minimum Protocol of two agents, gotta check with Madrid, Geneva or Tel Aviv, but it may take a few hours to set up a team.
- No, that's a long time. Call Henry, even without experience, he is a trained agent and can serve as support. We've got anyone else who can go right now.
-Who, Madam?
-Myself. I have years of experience in the field, and I'm well trained. Arrange a transport with the Base d'Aéronautique Navale since I seen my armor and I check my weaponry. I want to leave immediately, to rescue them before the sun sets.
The rescue operation followed a standard protocol, planned as a precision military mission: two officers with combat equipment, with orders to locate the team in danger, do turn around and protect themselves in some safe place. Alice and agent Henry, a boy newly arrived from the training center of Tel Aviv, departed from Paris on a military jet to the Akhamok Airport, neighbor of Tamanrasset, Algeria. They were with their standard combat equipment: alloy armor super-tough including the helmet to be worn on body fights, extremely sharp short sword, two hunting knives, espionage equipment for location and other small gear. They took about seven hours to cover the route Paris-Sahara. In Tamanrasset airport already were expected by a helicopter to take them to the desert, following the last known way done by the team of investigators on the ground. Still had about two hours of Sun to find agents, before they see the grace of the night and the dangers that lurked.
Everyone knew that the desert is treacherous, but did not expect to run into a sandstorm just 50 minutes after the departure, which interfered in helicopter engines. Luckily had time to locate the Jeep of researchers, empty, minutes before landing. The experienced pilot in that desert reported that could take off again, but would have to return immediately, aborting the search.
Alice was against:
-You two will back. I will continue with the Jeep, until I find the boys.
- But Madam, is already almost dark. It's not safe. This region is inhabited by violent tribes who dislike nor the Tuaregs, the local people, and can be dominated by terrorists.
- I have to find our agents. Go back to the airport and send another team by air or by land to find us. We will be returning in this Jeep. I have a tracking device that let on.
Henry tried to intervene:
-I'm stay with you.
-No, I have a better chance if stay alone. The smaller the group, then easier the escape.
The experienced pilot also opined:
-Maybe we can do better. I'm going to request a plane to rescue her. There is a clandestine airstrip two miles away, ahead. Is used by terrorists, but we let a team of soldiers watching. Holds up to a small Jet, is the best way to get it out of the region after dark. I expect will be here in an hour.
-Okay, I'm going to find our people, then follow the sound of the plane, two miles to the East.
There were no goodbyes. The pilot and Henry boarded the helicopter and left back. She was examining the Jeep. Still had about an hour of daylight. Deduced that Gerard had followed on foot in the direction of a rock formation, about five hundred meters to the North, at the foot of the Ahagar mountains. If the vehicle was left, means he wants to surprise someone, or at least avoid the noise. Unlike him, her intention was to draw the attention of their agents, then climbed into the Jeep, turned and headed toward the rocks, quickly. It had no difference, because the noise of the helicopter was much taller than an automobile engine, and should have alerted anyone who hid there.
She didn't have to look far. Even with all her training and prepared for the worst, it was a shock to find three bodies hidden among the rocks. The three agents had no chance without armor and without any heavy combat equipment. Needed to make a huge effort not to cry and another even bigger to gather forces and examine the corpses. Their mission was to investigate and register the possible location of a den of vampires. Came equipped only with research equipment and record. She herself had already participated in numerous missions of this type. With his experience soon identified the bite marks on the bodies of the boys, although it also had perforations of Spears. Gerard was with a broken neck, the two others was the spine. Typical modus operandi vampire.
The agents had found their targets, just haven't had time to get out. Indicated the possible existence of a cave nearby, because the damn monsters never would to that scorching sun. Spears and marks the spot where the bodies were left indicated that were helped by humans of the local tribe. The vampires were made slaves.
Examined in more detail the bodies looking for spying equipment hidden in the clothes. Cameras and locators, which should have registered coordinates and photographs of the last places that the boys visited. Would be used by the teams to attack, they would avenge the companions. Gathered all the equipment she found, when she saw the shadows of the rocks were stretching eerily. The last rays of the Sun were already retreating. Heard a noise of plane in the distance. Ran to the Jeep, already putting his battle helmet. It was uncomfortable, but would guarantee her life until she reach the plane. Started the engine and headed eastwards, praying not to hit any stone or fall into some hole.
A few minutes later she had to turn on the headlights. The Sun disappeared behind the mountains and the darkness engulfed everything around. The next ten minutes were appalling. There was only a kilometer, the halfway point, when a spear buried herself in the seat of the passenger seat, thrown from somewhere further back. If she weren't alone now have the company of another corpse. Immediately proceeded to drive in zig-zag. By the corners of the eyes, where the visor of the helmet allowed, saw individuals running walk on both sides of the jeep, keeping about ten metres away. The damn vampires could run much faster than this, so they were playing with it, confident that they had already won the battle. Her only chance was to get to the plane, without panicking. Kept cold blood and accelerated in a straight line, leaving the evolutions.
She saw what she thought was the silhouette of the tail section of the plane, some three hundred yards ahead. Her pursuers also saw, and accelerated the race, leaving her behind. Classic tactic: attacking the pilot of the plane to prevent any leakage and done more victims.
Stepped up on the accelerator, withdrawing the sword that she carried at the waist, hoping the pilot resisted for a few minutes.
When the headlights illuminated the scene, thought all was lost. There were two bodies on the ground, each surrounded by two vampires. One of the fallen moved, trying to fend off the attackers, crawling back under the plane. The other didn't even budge. Two other vampires were standing, watching and waiting for her arrival. Six targets against her alone.
Pointed the Jeep straight to the plane, without slowing down. Saw the expression of disbelief on the face of the vampires stared at one another.
When the shock seemed imminent, took a turn at the wheel, causing the Jeep passing inches from the plane and jumped up of vampires who have gone astray in the last minute. His sword intercepted the neck of one of them on the trail, chopping off a head. Fell Roland toward another that if lower, and that was still trying to understand what was going on. While he was dumbfounded, won a sure-fire hunting knife in the heart, that went in and out causing a fountain of blood.
Her fall the launched down the nose of the plane. Managed support her feet in the landing gear and reversed the momentum to jump over the fallen man, in the direction of one of the vampires that lined. Attacked the legs of the guy with the sword, doing a nasty cut to the unbalanced. The man fell on a knife positioned to enter straight into his chest. This time the knife was stuck.
The other three vampires seemed silly, cheap still surprised by being attacked. Two woke up almost at the same time. One shot a spear in his direction, which hit diagonally at the height of the rib, and was deflected by armor.
Could hold the spear with the hand that was free and turned toward the second vampire who ran to meet him, perhaps wanting to punch her. But he was smarter, stopped centimeters from the tip, about three feet in front of you. The vampire looked at the tip of the spear, sketching a cynical smile. Raised his face toward her and gave up the smile when her sharp sword crossed a neck, knocking down another head.
A thunderous noise exploded very close. The runaway Jeep without driver had run for about 100 meters and crashed head-on with a huge rock, bursting into flames that lit up all around. The two remaining vampires disappeared. She can hear his footsteps running across the desert, raising too much dust illuminated by the flames, according to far. Probably backed down and went to get reinforcements. Win some precious minutes.
Took a deep breath to reduce your blood pressure. It was examining the body down. Local army uniform dead due to a deep cut on his neck. The second man was still protecting yourself near the landing gear, trembling, but alive. Wore a uniform of French pilot. She took off her helmet, spreading her long hair, and went to see his condition:
-Are you okay? Was injured?
-I'm fine. But the Lady, is ...
-No, I'm not an actress and this is not a movie. Can you fly this plane?
-I think so. Who are ... I mean, who were these men?
-Dealers. Working for terrorists. Let's get out of here, they will be back at any moment.
The man stood up, looking with expression of dread for the heads and puddles of blood on the floor.
-Has some soldiers around, should be at the other end of the track. They were clearing when we were attacked.
-I am the goal of drug dealers. The soldiers must know to take care of yourself. Will be safer when I'm gone.
-I was sent to rescue a team of four people. Are they with you?
-Are dead. I alone escaped. And if we don't get out fast, there will be no survivors.
Took off a few minutes later, just long enough for small turbines of the MS 760 Paris, known as the Pocket Jet, win rotation. When they won, the pilot asked:
-Where are we going, Mademoiselle?
-Paris, let's go to the Naval Base, if this aircraft have the autonomy to get there.
-Yes, there is. By the way, we didn't have time for formal introductions. I am Commander Jean Pierre Bordeaux, the best pilot of Mirages that France has.
-Just my luck, although this ship was not a Mirage. I'm Alice Loren, a simple Executive.
-Madam, do you have any ...
-No, my looks and my last name has nothing to do with the actress. Are just coincidences. Fate likes to play with me. My name is from baptism, I'm French. Sophia is Italian, and adopted his surname when he was nearly an adult. My appearance is meant to be, I was born when she was over thirty years and we don't have any kinship ...
-Honestly, I can't tell which of the two the fate wanted to honor, Mademoiselle ...
-Another thing, Commander. You never saw me, this mission has never existed, and I've never heard of drug dealers or terrorists.
Jean Pierre could see the sword still with some blood splatters, stuck in his waistband that beautiful and strange woman.
-Perfectly. You wouldn't believe the things I've ever seen, I mean, the things I never saw in my assignments. Right now, this plane is retired without being able to fly over a year and I'm not here. I'm officially in the cockpit of a Mirage, accumulating hours of flight time on a simple mission of aerial reconnaissance over Morocco.
-You seem reliable, but I'm sorry, I'm one more thing you never saw.
When they were to land, she called his Base by radio and asked for an agent to pick her up. In the car, made a quick report of what happened, delivered the equipment recovered and ordered the formation of three strike teams, as soon as the equipment to be decoded.
It was four o'clock in the morning when he got to his apartment, completely exhausted physically and emotionally. Went straight to your bathroom, took off his armor and stayed until dawn under the shower, sitting naked on the cold floor, embraced in their own legs and crying convulsing.
At nine o'clock she was entering the base, wearing a black dress, sunglasses, hair loose over her shoulders, turning the heads of everyone who saw it, men and women. Some agents did not believe how could she be so cold, coming so soon to work after lose three officers in a failed mission. She went straight to her room, opened all the curtains leaving the Sun enters, but continued using the glasses throughout the day.
Followed her normal routine, dispatching documents to release the bodies to the families, creating fatal accidents to justify low signing release of indemnities and even entertained two new agents, sent by Tel Aviv: Pierre, a young man who spoke several languages, and that could be useful as interpreter, and Maciel, a degree in architecture, which could hardly have any use out of your training as a soldier, and who was sent to work in the archives.
Late in the afternoon came the report of Algeria. Balance of the mission: twenty human casualties, including the soldier at the airstrip, and all the other employees of the vampires; six casualties of agents including the three investigators; twenty targets neutralized, including the four who herself eliminated alone. The entire area sanitized, which by the standards of the hunters meant total success. The news spread the base with the speed of lightning, and then the agents took note of the details of the previous day.
All, without exception, admire and respect even more the Commander of the Base Paris, Alice Loren, the unique woman who commands a Base of the hunters, the unique that leave to assist their agents personally; the unique who alone has eliminated four enemies on the same mission, the only one in less than twenty-four hours reverted a failed mission in a total success, and only after all this worked all day, usually beautiful and steamy. The Commander with only thirty-one years of age and two in command, already showed that became a legend.
No one imagined that Alice Loren, the woman, weared sunglasses all day to hide his swollen eyes dry of tears, who was with her heart torn apart and hollowed out, and who worked desperately in an attempt to drown out any feeling that wants to touch on and betray her.
After all, she knew that no matter what happens, life always goes on. And in the case of vampire hunters, death too.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Propinópolis e a ausência de desburocratização.

Propinópolis e a ausência de desburocratização.



Tudo começou há quase doze anos, quando comprei um carro usado. Um Corsa GSI 16 válvulas. Excelente carrinho: bonito, econômico, potente e completo. Mesmo tendo sido fabricado em 1995 já veio de fábrica com trio elétrico, ar condicionado, freios ABS e todo o conforto de um carro importado.
Opa, me empolguei com o carro e esqueci de me apresentar: meu nome é Cléber e o sobrenome deixo com vocês: pode ser Idiota, Toupeira, Burro, Vítima ou algum outro que seja do seu agrado. E outra coisa que estava esquecendo de dizer: vivo em Propinópolis, um lugar onde a moeda local se chama Propina. Alias, isto é o motivo do meu sobrenome estar em aberto. Vivo me esquecendo de que pagando com Propinas qualquer coisa pode ser feita nesta terra abençoada por Deus e explorada pelos homens. Qualquer coisa exceto uma: o certo. Tenho este defeito desde criança: sempre tento fazer o certo, embora nem sempre dê certo.
Voltando a falar de carros, há dois anos comprei outro, mas não me desfiz do Corsinha. O deixei em casa como segundo carro. Nos últimos meses apareceram algumas multas do carrinho, em meu nome mas que não foram cometidas por mim. Concluí que chegou a hora de transferir a propriedade do veículo.
Foi neste ponto que começou esta novela.
Por ser um carro com quase doze anos em minha posse, nem preciso dizer que não sei mais onde está o DUT, “Documento Único de Transferência”, papel obrigatório para desfazer a propriedade de um veículo. Como um cidadão normal residente em Propinópolis, eu deveria ter procurado um Despachante profissional, pago algumas propinas e tudo estaria resolvido.
Mas aí não seria eu, o senhor Certinho. Decidi fazer tudo por conta própria.
Primeiro, vi que meu Banco na parte de serviços eletrônicos, tem uma opção para “Segunda via de DUT”. Só pagar a taxa e pronto. Muito fácil, foi o que fiz. Em abril. Paguei a taxa e fiquei esperando o documento, que pensei seria entregue pelo Correio.
Em novembro, inconformado pela demora, acessei novamente a opção no Banco. Imprimi o recibo do pagamento e só então percebi a observação que estava escrita: “Após o pagamento, dirija-se ao Órgão de Transito munido deste recibo e dos documentos exigidos por lei para obter seu documento.
Que distração. Falha minha.
Em dezembro, aproveitando alguns dias de férias, fui ao Órgão de Transito, Unidade Aricanduva, munido do recibo e dos documentos do carro. Tinha só umas trezentas pessoas no local, divididas numas dez filas. Depois da primeira fila, aquela que tinha apenas dez pessoas para pedirem informações, fui orientado para seguir para a fila da “Triagem de Veículos”, onde havia outras trinta pessoas. Depois de quarenta minutos, uma atendente sem muita vontade me atendeu:
O senhor, em que posso ajudar?
Vim retirar esta segunda via do DUT, tenho este recibo e os documentos do carro.
- Mas o senhor já abriu o processo?
- Que processo?
- Tem que trazer cópias autenticadas do seu CPF, do RG, copia de um comprovante de endereço, decalques do motor e do chassi e tem que passar pela vistoria.
Ela pegou um papel e fez uma lista dos documentos.
- Só isso?
- Só, mas a vistoria só funciona das 9 até as 17.
Depois de alguns dias fui a um Cartório para autenticar os documentos pedidos. Tirei o decalque do chassi, mas não encontrei o numero do motor em lugar nenhum. Num Corsa GSI não tem espaço para manusear nem uma agulha ao lado do motor, muito menos para colocar a mão e achar os números gravados em relevo.
Cheio de boa vontade decidi levar o carro para a vistoria, esperando que alguém me orientasse como tirar o decalque do motor. Cheguei no local da vistoria na terça-feira seguinte, por volta das 16 horas, e entrei numa fila com aproximadamente uns vinte carros, se arrastando em baixo de um sol de 35 graus. Depois de mais cinquenta minutos e meio litro de suor, chegou a minha vez:
- Vim fazer uma vistoria, tenho todos os documentos que foram pedidos.
- Onde está a planilha?
- Que planilha?
- Tem que ter a planilha para a vistoria.
- Mas a menina lá da triagem não falou nada de planilha.
- Moço, sem planilha não tem como fazer vistoria. Volta lá que ela abre o processo.
- Outra coisa, não consegui tirar o decalque do motor. Alguém pode me orientar como faz?
- O decalque tem que vir junto com a planilha.
- Tá bom, mas como é que tira?
- Fala lá na triagem quando ela abrir o processo.
E o atendente encerrou a conversa, indo atender outro cliente. Sem alternativa, saí do local da vistoria e voltei para o local do atendimento. Outra fila de trinta pessoas, mais quarenta minutos e cheguei novamente numa atendente:
- Vim abrir um processo para vistoria. Tenho todos os documentos desta lista.
A menina conferiu a lista.
- Cadê o decalque do motor?
- Isto que eu queria perguntar. É um Corsa GSI, não tem como tirar decalque.
- Tem que ter o decalque, ou não posso abrir o processo.
- Mas como se tira decalque desse carro?
- Moço, tem que ter o decalque.
- E quando não tem, existe outro jeito? Alguma taxa, um documento de responsabilidade, como pode ser resolvido?
- Tem gente que traz laudo fotográfico. Aceitamos no lugar do decalque.
- Que bom. E como consigo um? É a vistoria que faz?
- Tem que trazer pronto.
- Mas quem faz?
- Olha moço, lá fora no estacionamento tem um pessoal que trabalha com decalques. Pergunta lá. Quando tiver todos os documentos volta aqui para abrir o processo. A vistoria fecha as 17.
Aquela conversa estava encerrada naquele momento. Fui para o estacionamento, procurar o pessoal do decalque. Vi um rapaz com um colete laranja, com a palavra “Decalque” nas costas.
- Boa tarde. Você trabalha aqui no Órgão de Transito?
- Não, somos particulares. Ajudamos a tirar decalques e outros serviços. O senhor precisa de um?
- Sim, de um Corsa GSI.
- Ih, moço, Corsa GSI é impossível tirar decalque.
- Já percebi E como é que se faz?
- Só laudo fotográfico. Podemos fazer. Custa oitenta moedas.
- Demora?
- Não, sai na hora. Temos uma oficina aqui ao lado.
Na oficina, demorou quase uma hora para o rapaz preparar tudo, localizando o numero do motor, passando giz para destacar o baixo relevo, fotografando por vários ângulos e fazendo um laudo completo de identificação do carro. Depois me orientou a seguir para o escritório, para fazer o pagamento e retirar o laudo.
Mais meia hora de espera, até receber o laudo com uma observação inesperada: “Reprovado”.
O atendente do escritório questionou:
- O senhor está comprando este carro agora?
- Não, já está comigo tem uns doze anos.
- O senhor trocou o motor?
- Não, mas o motor foi retificado duas vezes. Se algum mecânico trocou alguma parte, não me falou.
- É que tem divergência entre o numero gravado no motor e o numero registrado no Órgão de Transito.
- Não tenho mais contato com os mecânicos que trabalharam no carro. Tem algum jeito de regularizar isto?
- Lá na Triagem tem dois documentos para isso: um “Termo de Responsabilidade” e um “Pedido de Regularização”.
E assim, munido do laudo que era o ultimo documento que me faltava, voltei ao Guichê da Triagem. Desta vez a fila só tinha cinco pessoas, demorou só uns dez minutos.
- Oi, voltei. Trouxe toda a documentação para abrir um processo de segunda via do DUT, inclusive um laudo fotográfico.
A atendente conferiu tudo novamente.
- Mas este laudo diz que tem divergência no numero do motor. Não posso abrir o processo assim.
- É, eles me falaram. Como posso regularizar?
- O senhor precisa do “Termo de Responsabilidade de Troca de Motor” e de um “Pedido de Regularização de Troca de Motor”. Eu tenho os dois formulários aqui. Vou pegar.
Poucos minutos depois a menina voltou, com duas vias de cada formulário. Já comecei a ficar relaxado, esperando pelo fim da novela.
- É só preencher para dar entrada no processo?
- Sim, preencha em duas vias. Depois precisa reconhecer firma em cada uma das primeiras vias.
- Então não tem como entrar com isso hoje?
- Hoje? De jeito nenhum, a vistoria já fechou. E nem pode ser aqui. O senhor precisa regularizar o motor antes. Tem que ir lá na Unidade Armênia, motor é só lá. Quando estiver regularizado volta aqui para fazer a vistoria.
Sem discutir mais, voltei para casa. No dia seguinte, bem cedo procurei o cartório para reconhecer firma nas duas primeiras vias de cada documento. Eram onze horas da manha quando estava com os dois documentos prontos. Voltei para casa, esperei o almoço e segui para mais uma etapa.
O Órgão de Transito da Armênia, fica num trecho usado como eixo de acesso para transporte de cargas. Entupido de caminhões, ônibus e todo tipo de transporte de cargas. Poucos acessos e nenhum estacionamento próximo. Demorei quase duas horas para sair de casa, atravessar o transito, passar em frente ao local duas vezes, indo e voltando, e conseguir estacionar quase dois quilômetros distante. É incrível, temos um Órgão de Transito para quem NÃO tem carro, devido a dificuldade de acesso. Só indo a pé mesmo.
Eram quase três da tarde quando entrei na fila onde já haviam outras trinta pessoas e trinta minutos depois cheguei no guichê da Triagem. Já estou ficando expert.
- Vim dar entrada num processo para regularizar motor.
- Trouxe a documentação?
- Sim, está toda aqui, inclusive os que precisam de firma reconhecida.
A atendente conferiu tudo.
- Parece tudo certo. Tome, esta é sua senha, aguarde a chamada num daqueles painéis
Segui para o lado que ela indicou, um trecho em que havia várias fileiras de bancos, com cerca de vinte pessoas sentadas, atentas ao painel. Em frente das cadeiras e sob o painel, um enorme balcão em L, com muitos atendentes sentados em frente a computadores. Metade fazendo atendimentos e metade pareciam observarem o painel, talvez para saber qual seria sorteado para o atendimento seguinte. Enquanto aguardava meu numero acender observei que existia um aparelhinho na frente de cada atendente. Quando encerrava um atendimento, alguns funcionários pediam para o atendido apertar um botão. Outros funcionários aguardavam o atendido se retirar e ele mesmo apertava o botão. Achei estranho aquilo, fiquei imaginando qual seria o critério para apertar botões.
Eram três e cinquenta quando meu numero acendeu. Segui para o atendente indicado no painel. Informei minha intenção e entreguei a documentação para uma nova conferência. Os papeis já estavam gastos de tanto serem conferidos. Enquanto examinava, ele comentava:
- Certo, regularização de motor. Firmas reconhecidas. Laudo fotográfico. Decalque do chassi. Onde está a xerox da Declaração de Perda do DUT?
- Como é? Que xerox?
- Tem que mandar uma cópia junto da original. O senhor não quer que o processo fique parado por causa de uma xerox, não é?
- O senhor não tem como fazer essa cópia aí?
- Aqui, não. Tem uma sala de cópias lá fora, o senhor pode ir lá, copiar esse documento e voltar aqui, nem precisa entrar de novo na fila ou pegar outra senha. É só falar direto comigo. Toma, leva todos os seus papéis, não podem ficar aqui.
- Bom, nesse caso, vou lá e já volto.
Pelo menos não tinha fila na sala de cópias, só três pessoas. Em cinco minutos já estava de volta com a cópia.
O atendente estava falando com outra pessoa quando voltei. Educadamente esperei atrás da pessoa, sem interromper. Só ouvi uma frase, que o atendente disse:
- Vamos lá em cima, que eu resolvo isso...
Os dois se levantaram e saíram do grande salão. Sentei na cadeira aguardando pela volta do rapaz. Observei o aparelhinho que tinha me deixado curioso. Tinha quatro botões, para avaliação do atendimento: Ótimo, Bom, Regular, Ruim. O botão de Ótimo era o que ficava mais perto do atendente, aquele que eu vi alguns pressionarem para fazer uma auto avaliação.
Vinte minutos depois comecei a ficar preocupado. Observei em volta e muitas mesas estavam vazias, embora ainda houvessem pessoas sentadas aguardando serem atendidas. Uma senhora atrás de mim interpelou uma mulher que parecia ser uma supervisora dos atendentes:
- Onde posso fazer um pagamento de taxa? Não é aqui?
- É aqui mesmo, mas o rapaz que cobra precisou sair. Deixa ver se acho outro de plantão, o expediente da maioria terminou ás quatro.
Fiquei arrepiado. Será que aquele que estava me atendendo tinha ido embora? Esperei mais vinte vinte minutos e chamei a supervisora. Falei que meu atendimento tinha sido interrompido por causa de uma xerox e que o rapaz sumiu. Pedi para ressuscitar minha senha e me por de volta na fila. Meio a contragosto ela concordou. Me disse para voltar a aguardar nas cadeiras, pelo numero no painel novamente.
Demorou mais dez minutos até meu numero voltar a acender. Fui direcionado para o vizinho da mesa em que estivera antes. O novo atendente já sabia que eu estava irritado.
Conferiu toda a documentação novamente, juntou os papeis em duas pilhas e as grampeou, comentando:
- Agora está tudo certo.
Pensei que ele usaria o computador para abrir o processo, mas tudo o que fez foi estender as duas pilhas de papeis de volta para mim. Falou:
- É só levar no Protocolo, lá fora. Vão carimbar a segunda via.
- Só isso?
- Sim, aqui é só isso.
- Não preciso fazer a avaliação?
Ele ligou alguma coisa e uma luz no aparelhinho se acendeu. Levei meu dedo para o botão Ruim, mas no ultimo momento apertei o Regular. Me levantei e segui para fora, procurando o Protocolo, sem nem olhar para trás.
Tinha mais umas quatro pessoas na fila do novo guichê, os sobreviventes daquele dia. Ou atrasados
Entreguei os documentos para um senhor que estava atrás do balcão, com uma expressão enfadonha. Ele conferiu tudo sem dizer uma palavra. Quando pareceu satisfeito, separou as duas segundas vias dos últimos documentos que me foram pedidos, grampeou as duas juntas, e bateu um carimbo nas pilhas de papeis. Me devolveu as duas folhas grampeadas e carimbadas. Me disse três palavras:
- Cinco dias úteis.
- Devo voltar aqui mesmo neste guichê, para saber do andamento?
Ele respondeu mantendo o mesmo tom de voz, monotônica:
- Cinco dias úteis.
Ainda tentei argumentar:
- Semana que vem é Natal. Quais dias devo contar?
Desta vez o tom de voz mudou, ficou mais incisivo:
- Cinco dias úteis!
Fiz meia volta e fui embora nesse dia. Não tinha botão de avaliação nesse guichê. Fiquei com a impressão de que um Carimbador profissional não poderia mesmo conhecer mais do que três palavras.
Voltei no sábado depois do Natal, quando pelas minhas contas fizeram seis dias úteis. Fui direto no Protocolo, sem filas, onde uma atendente morena falava ao celular.
Dois minutos depois ela veio me atender. Mostrei minhas vias protocoladas.
- Quero saber o andamento deste processo.
- Já tem vinte e cinco dias?
- Como assim? Quando protocolei aqui me foi dito cinco dias.
- O normal são vinte e cinco dias. Deixa ver no sistema.
Cinco minutos depois ela voltou, trazendo uma folha com algumas linhas impressas alem das minhas protocoladas. Na folha impressa tinha o numero do protocolo seguido da expressão: “Em andamento”. Pelo menos ela conhecia mais do que três palavras. Ainda me informou:
- Se quiser mais detalhes, pergunta lá dentro, pega uma senha na Triagem.
E voltou a atenção para o telefone celular.
Como estava com algum tempo, arrisquei entrar. Na triagem a fila era de só duas pessoas. Peguei a senha e fui novamente esperar o chamado embaixo do painel eletrônico. Só demorou quinze minutos para que fosse atendido, já que o local estava vazio.
- Quero saber o andamento deste processo.
- Aguarde um minuto, vou verificar.
O atendente se levantou e saiu do salão. Voltou quase dez minutos depois.
- Mandamos uma carta de averiguação para a fábrica do seu carro. Tem que aguardar a resposta. Normalmente demora de quinze a vinte dias.
- A partir de que dia? Do dia do protocolo?
- É sim. Liga para um destes números, lá para o meio de janeiro.
E anotou dois números de telefone no papel que a outra atendente tinha me dado, com a frase “Em andamento”.
- Quer dizer que eu posso acompanhar o processo por telefone?
- Sim, é só informar o numero do protocolo, nestes telefones que informei.
- Posso fazer a avaliação?
O atendente parecia bem humorado. Liberou o equipamento. Apertei imediatamente o botão Regular. Ainda me virei para ele e comentei:
- Não estou satisfeito. Se eu soubesse desses telefones antes, nem teria vindo aqui hoje.
Minha novela ainda não terminou. Estou aguardando o prazo para ligar e consultar de novo. Psicologicamente preparado para outra dose de informação, liberada a conta-gotas.
Talvez até a metade do ano eu posso contar como foi a solução.
O pior de tudo é ficar pensando que se eu tivesse contratado um Despachante logo no início, já estaria com tudo resolvido, apenas com o custo de algumas Propinas.