sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Agora vai: vampiros na geladeira e contos no forno

Boas notícias: fechei com uma Editora para publicar meus contos na Internet. Até o final de setembro estarão disponíveis nas livrarias Apple, Google, Saraiva, Iba e Kobo.
Se fosse uma publicação em papel, teria o seguinte Prefácio:

"Os anos 70 são considerados uma época de ouro para o Brasil e para todos o que puderam desfrutar da mudança que o mundo sofreu naquele período.
Eu pude vivenciar estes anos dourados na minha adolescência. Tenho muitas lembranças daquela época e foi o que usei para criar os personagens.
Algumas estórias partem de situações que vivenciei pessoalmente ou ouvi na época, mas o desenrolar e principalmente os desfechos são pura fantasia, fruto da minha imaginação.
Por exemplo, na Copa de 70 eu tinha 12 anos e realmente ouvi os jogos pelo rádio, enquanto as imagens em preto e branco passavam na TV, na casa de um tio. Inventei o resto da estória.
Tentei lembrar de coisas da época para estimular a saudade de quem viveu aquela realidade. De quem enrolava fitas cassete com canetas esferográficas ou segurava um microfone na frente do rádio para gravar os sucessos do momento num gravador cassete.
Optei por escrever sobre mulheres, inventando temas adultos, pois esta é a melhor forma de comentar sobre estas entidades místicas, divinas e maravilhosas.
Cada mulher é sempre um novo universo surpreendente a ser explorado, não existem duas iguais, e a cada momento que passamos perto de uma, podemos ter uma nova surpresa. Usei a palavra "explorado" no sentido de pesquisado, descoberto. O outro sentido fará parte do mundo dos vampiros, em outro livro.
Os homens que tem sensibilidade para interagir com estas divindades podem encontrar uma amiga inesquecível (Analice), podem apenas ser surpreendidos (Rosália, Adelaide), podem ser fisgados permanentemente (Marília, Lucy) ou podem ser completamente dominados pelas vencedoras (Marcela).
Aqueles sem visão vão deixar o tesouro escorregar através dos próprios dedos (Lenora), ou vão vê-las passar por suas vidas como um relâmpago (Clarinha, Simone), podem deixá-las tristonhas ou esperançosas (Lurdinha) ou até mesmo frustradas (Flor). Sem esquecer das frustrantes (Mercedes).
No final de tudo, todas as situações revelam uma única verdade: nós, os homens, mesmo os que se julgam expertos e safados, somos eternos fantoches nas mãos das mulheres. E é isto que torna nossas vidas tão sensacionais.

A coleção
Anos 70 - Contos da Periferia
é composta por 12 volumes:

1- Brasil Campeão
2- O primeiro beijo
3- Iniciação
4- Avenida São João
5- Depois do baile
6- Volta da praia
7- Bailinho de quintal
8- Sufoco no ônibus
9- O silencio do Cemitério
10- A Flor portuguesa
11- Passat amarelo
12- A vingança

Libertem sua imaginação e boa leitura."

Informarei quando estiverem publicados.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Propinópolis e sua moeda

Propinópolis e sua moeda


Era uma vez um lindo país tropical, bonito por natureza que, é lógico, não existe. E nem poderia existir, com as características que possui. Mas mesmo não existindo, vocês saberão do que estou falando, por que está na imaginação de todo mundo. Chama-se Propinópolis.

Conta a lenda que o país foi descoberto por portugueses, lá pelo longínquo ano de 1500. Não posso garantir por que eu não estava lá e nem havia nascido ainda.

Já naquela época a América do Sul, onde fica Propinópolis, era considerada terceiro mundo e nem existia. Óbvio, para muitos só havia um mundo conhecido, o primeiro da época, chamado Europa. Tão logo a América sulista nasceu e já começou a ser explorada, coisa que acontece até hoje, talvez devido a alguma contaminação genética. Sua irmã do norte, descoberta quase na mesma época, desde o início foi considerada o segundo mundo, colonizada e educada para crescer, e nos séculos seguintes foi promovida a primeiro mundo, invejada por todos os infelizes moradores do hemisfério de baixo e até mesmo pelos antigos detentores do título, o lugar que passou a ser chamado de Velho Mundo.

Propinópolis não foi colonizado e muito menos educado para crescer, porque já era grande o suficiente para poder trabalhar. O fruto do trabalho seguia para o primeiro mundo, o anterior e o posterior, na forma de recursos minerais, vegetais e laborais, e em troca, era abastecido com ladrões, condenados e degredados, origem do DNA que todos os propinopolenses carregam até hoje. Passada a fase de trocas e parcialmente a de apropriações unilaterais, o país começou a se desenvolver, graças a moeda que havia adotado, embora no início não tivesse o nome atual: Propina Real. Manteve outras moedas ativas, apenas por motivos político-financeiros.

É a Propina que move a economia, a política e todos os negócios atualmente, coisa difícil de acreditar, até para os nativos conscientes, uma raça em extinção. A moeda ganhou força há coisa de vinte anos, desde que bandidos profissionais, com formação superior, começaram a invadir postos influentes nas empresas, nas mídias informativas, principalmente na TV, no mundo financeiro e é claro, na política. Estimularam tanto a valorização da Propina, com uma tal eficiência, que coisas inimagináveis começaram a existir. Por exemplo, enquanto no resto do mundo são criadas Leis como ferramentas para se promover a Justiça, em Propinópolis as Leis se sobrepõe à Justiça. É comum se ver assassinos confessos e ladrões pegos em flagrante sendo libertados graças a leis escritas por seus párias, devidamente custeadas por vultosas Propinas. Existe até mesmo igrejas vendendo lugares no Céu a troco de Propinas.

O governo estimula e se favorece com o crescimento da moeda. Os maiores detentores de Propinas vivem alardeando o crescimento do PIB, o decréscimo da classe paupérrima, o acumulo de Propinas nos cofres públicos, nacionais e estrangeiros, mas não falam que a maior circulação de Propinas achata a classe trabalhadora assalariada, que ainda recebe em outras moedas nunca valorizadas.

Os infiltrados no poder público para estimular a moeda que já usavam, logo que conquistaram o poder descobriram a palavra mágica para resolver todos os problemas: mudanças.

A primeira foi mudar o nome de um projeto do governo anterior, que passou a se chamar “Bolsa Propina Família”. Com este projeto o povo começou a receber umas poucas Propinas para manter o partido atual no poder, o PCF, Partido dos Companheiros Fiel (atenção revisores, se escreve assim mesmo: Companheiros no plural e Fiel no singular, não é erro de concordância). O Projeto fez tanto sucesso que atraiu todas as Grandes Nações vizinhas: Colômbia, Peru e Venezuela, interessadas mais na parte de perpetuar o poder do que em algum eventual benefício para o povo.

Tem muito mais coisa para contar. Por exemplo, a ultima visita do Papa, que deu origem a um incontável numero de mudanças. Foram mudadas milhares de nomes de avenidas, ruas, praças, becos e vielas.

Ou como o governo resolveu o problema das manifestações populares pedindo mudanças. Mudança é a especialidade do PCF. Aliado à sua experiência em infiltrações, foi fácil demais: bastou uma letra. Apenas infiltrou baderneiros nas manifestações e mudou “Movimento Legítimo” para “Movimento Ilegítimo”. Pronto, problema resolvido.

Mas isto é tema para outro texto, num outro dia.

Ainda bem que Propinópolis não existe. Eu não conseguiria viver num país assim.