domingo, 13 de maio de 2018

Três folhas


Três folhas



Por Clóvis Nicacio

Aniversários não deveriam ser dias tristes e solitários. Aquele amanheceu como qualquer outro. Nada de diferente no sol, no vento, na rua ou até onde conseguia enxergar dentro do quartinho pequeno. O pai saiu para trabalhar antes mesmo da escuridão desaparecer. Sem o ronco dele, o silêncio só não se instalou aterrador por causa dos piados dos passarinhos lá fora. Mas o menino sentia, mais do que via, uma diferença. Depois dessa data estaria oficialmente com 12 anos.
Desde que a mãe morreu, há dois anos, achava que nunca mais saberia o que era um aniversário. Ela sabia. Dizia que o melhor aniversário era quando se podia escolher o presente. Ainda se lembrava de quando o deixou escolher um bolo, e a mãe conseguiu arranjar um pedaço, Deus sabe como. Mães sempre conseguem tudo.
Sozinho no quarto, permaneceu deitado. Num sábado sem aula e sem missa de domingo, levantar mais tarde era um presente que podia escolher. Pena que não era folga para o pai. Já devia estar trabalhando na gráfica, do outro lado da cidade. Depois do trabalho normal, completaria o dia fazendo horas extras, como em todos os sábados depois que ficou viúvo. Mas no dia seguinte iriam juntos para a missa.
Morar no subúrbio tem suas vantagens e desvantagens. A Igreja na mesma rua era bom, mesmo com o barulho dos sinos, mas a gráfica ficava longe. O pai só voltaria quando estivesse escuro novamente.
Só viu o presente quando se levantou. Três folhas de papel sobre a mesa, ao lado de um toco de lápis. Branquíssimas, como se tivessem sido feitas das penas tiradas das asas de um anjo. Só podiam ser uma surpresa deixada pelo pai. Quer dizer que ele se lembrou!
Ler e escrever eram as únicas diversões possíveis, para um menino vivendo sozinho com o pai. Ficava horas no porão, todos os dias, lendo e relendo tudo o que conseguia pôr as mãos. Livros, revistas, jornais velhos. Adorava a Bíblia, por ser o livro maior. Quando tinha algum papel, escrevia, inventando personagens, mudando as histórias, criando aventuras. A mãe havia ensinado a sempre melhorar, se aperfeiçoar a cada parágrafo, assimilando o que outros haviam feito. Essa vida eremita o afastava das outras crianças, fossem da escola ou da igreja. Era visto como um esquisito, branquelo, magérrimo, um antissocial sem amigos. Só o Padre e o pai o apoiavam, depois que a mãe se foi. Ela o chamava de futuro escritor.
Não havia pedido aquele presente, mas adorou. Sentou-se, pegou uma das folhas e começou:

Hoje é meu aniversário de 12 anos. Não tenho amigos para comemorar comigo. Deve ser melhor assim, já que eu não saberia o que fazer. Se pudesse escolher, pediria um bichinho. Não, para compensar todos os outros aniversários, seria melhor um bichão. Queria ter um leão, igual aqueles dos romanos. Eu seria respeitado por todos os outros garotos.

Estava contemplando a folha, pensando no que mais poderia encaixar, quando um enorme barulho fez a casa estremecer. Tão alto como se viesse de dentro da casa. Correu para fora do quarto, curioso e assustado. A porta da sala, a que dava para a rua, continuava fechada. Para o outro lado, na direção da cozinha, não havia porta, mostrando que o cômodo anexo estava vazio. Só restava o banheiro e o porão. Caminhou alguns passos, atento a qualquer novo ruído, até a porta do porão. Só ouvia o próprio coração, disparado. Até os passarinhos haviam se calado. Ao olhar para baixo, viu dois reflexos lá no fundo, iguais aos olhos de um animal o encarando. Prestando atenção, viu a juba do enorme felino delineada pela pouca iluminação. Conseguiu fechar a porta no momento exato em que o animal disparou em sua direção, emitindo um novo rugido ensurdecedor. Ouviu poderosos arranhões no lado de dentro da porta, depois do leão conseguir subir pela escada estreita. O peito estava quase explodindo.
Não conseguia entender como um bicho daqueles estava no porão. O pai jamais deixaria um animal selvagem de presente, sem avisar nada. A não ser que... Será possível?
Voltou correndo para o quarto. As folhas continuavam sobre a mesa. Amassou aquela usada, jogou no lixo, pegou outra em branco e escreveu:

Hoje é meu aniversário de 12 anos. Não tenho amigos para comemorar comigo. Seria muito bom se tivesse pelo menos um, alguém corajoso que me ensine a domar leões. Como o Daniel da Bíblia, aquele que ficou vários dias entre as feras, sem sofrer nenhum arranhão.

Deitou a folha na mesa. Ficou ouvindo, atento. Os arranhões na madeira cessaram. Mais alguns minutos e escutou batidas na porta. Podia ser algum vizinho incomodado pelo barulho. Foi para a sala.
As batidas não vinham da porta da rua, mas da que fechava o porão. Sem os rugidos e arranhões conseguiu juntar coragem suficiente para abrir a porta e olhar para dentro, com o coração disparado de novo.
Um rapaz com roupas estranhas o encarava, ainda mais assustado do que ele.
— Onde estou? É isto o inferno?
— Não, é só o porão da minha casa. Já domou o leão?
— Que leão? Que castigo é esse que me aplicas?
— Você é o Daniel, não é? O que foi atirado na cova dos leões e foi protegido por Deus.
— Esse é meu nome, mas nada sei do que falas. Fui condenado à cova dos leões pelo Rei Dario, mas quando fecharam a tampa da cova me encontrei nesse lugar estranho.
— Foi um engano da minha parte. Sei como consertar. Não saia daí. E não tema os leões, eles não farão nada com você. Deus não vai deixar.
Fechou a porta e correu para o quarto. Amassou a segunda folha, atirando-a para o lixo, para junto da primeira. Pegou a terceira, escrevendo com dedos trêmulos.

Hoje é meu aniversário de 12 anos. É um dia especial quando posso escolher meu presente. O dia de confessar e pedir perdão pelos meus erros. Perdão por não ter feito amigos. Pelas minhas escolhas erradas. Prometo que vou ouvir conselhos. Que não farei manhas, mas não sei se consigo evitar chorar. Vou cumprir minhas penitências, todas elas. Posso ter meus cabelos revirados, vou rir junto quando receber cócegas, vou obedecer sem questionar. Para fazer tudo isso, só o que peço é passar esse dia com minha mãe.

Dobrou a folha cuidadosamente, guardando-a dentro da Bíblia. Depois desceu correndo para o porão, com os olhos embotados e o peito perto de explodir, tentando não tropeçar nas lágrimas.
As folhas não foram um presente do pai.


terça-feira, 1 de maio de 2018

Os almas negras - Parte 2


Os almas negras – Parte 2




Por Clóvis Nicacio

A cama quente e macia era tudo o que Ailim queria. Sentia-se completamente recuperada, enquanto o torpor do sono cedia lugar para à realidade. A imagem do quarto ainda era escurecida e bruxuleante, mas, pelo menos, ela conseguia ver onde estava. Concordou com a lembrança de alguém dizendo que precisava de algum tempo para recuperar a visão totalmente. A janela continuava escura. Olhando mais atentamente, viu a luz trêmula de uma estrela. Não era a visão dela falhando, era apenas a constatação de que a noite chegou. Uma lamparina de óleo, acesa, ajudava a formar aquela dança na imagem distante.
A luz tremeluzente trouxe recordações de um sonho estranho, onde estava numa estrebaria conversando com Ofan, quando surgiu a visão de um anjo.
Outra lembrança mais terrena despertou junto da noite: um pouco de comida ajudaria na recuperação. Estava faminta. Ia se levantar quando foi detida por outra percepção: estava completamente nua. Cobriu-se rapidamente com a roupa da cama. Olhou em volta, acostumando os olhos a pouca luz da lamparina. As roupas e a armadura de combate estavam cuidadosamente arrumadas, sobre uma cadeira aos pés da cama. Por sorte estava sozinha. E podia ver tudo nitidamente, mesmo na penumbra. Até a espada perdida estava ao lado da cadeira, limpa e polida, junto do arco e da algibeira.
Com agilidade soltou o lençol e pegou as roupas, pretendendo vesti-las antes que alguém aparecesse. A visão restaurada lhe permitiu ver outra coisa diferente no próprio corpo, perceptível apenas graças à nudez. Mais da metade das cicatrizes obtidas nos treinamentos e nos combates haviam desaparecido. Devia estar ficando louca. Ou estava morta e ainda não sabia.
Faltava vestir parte da armadura quando ouviu passos se aproximando fora do quarto. A audição apurada continuava, mesmo com a volta da visão. Desta vez, reconheceu aquele jeito calmo de andar. Ele não estava correndo por um beco. Os passos pararam, seguidos de batidas na porta.
— Pode entrar, Ofan.
Como se adivinhasse pensamentos, o amigo leal trazia uma bandeja. O olfato se fez presente, despertando o paladar. O cheiro do pão quente e do vinho foram aceitos como perfumes. Nem esperou a bandeja ser colocada na cama, para atacar aquelas iguarias.
Ofan observava calado e divertido. Esperou até que sobrasse apenas uma taça vazia, desacompanhada por qualquer migalha de pão.
— Está melhor agora?
Ailim engoliu o último pedaço e disparou uma saraivada de perguntas, quase sem respirar. Se portava como uma mulher normal, não uma líder das amazonas.
— Onde estamos? O que aconteceu? Quem tirou minhas roupas? O que houve com minhas cicatrizes? Como está a Princesa? E Thael?
— Calma, uma coisa por vez. Shanya me autorizou a te contar tudo, antes de nos apresentarmos ao Rei. Para começar, estamos no castelo, em um quarto de hóspedes. Ela conseguiu retomá-lo, com ajuda dos prisioneiros libertados por Thael e de todos os súditos. Nem ela esperava que todos se unissem para lutar ao lado deles, quando ela e o Rei apareceram juntos. Foi um verdadeiro milagre. Nossa pequena tropa se multiplicou por trinta durante a batalha. Ela e Thael evitaram muitas baixas, protegendo todos os que ajudavam.
— Onde estão agora?
— Thael não sai do lado do Rei. Ainda pode haver uorks infiltrados aqui. Shanya está com as amazonas, vasculhando o castelo, mas mesmo para nós eles são difíceis de localizar. Não temos como forçá-los a se revelarem.
— Ela ainda não recebeu o poder?
— Ailim, não entendeu ainda? Shanya não é a herdeira.
Ela precisava ouvir as palavras diretamente. Confirmar o que estava pensando, embora fosse uma coisa difícil de aceitar.
— Preciso ouvir de você! Se não é ela, quem é? Por favor, me conte tudo, sem esconder mais nada.
— Está bem. Acredite, a Princesa herdeira é você. Sempre foi. Segundo a história, os uorks aterrorizam este planeta há vários séculos. Shanya sempre os perseguiu, desde antes de virem para cá. Foi ela quem descobriu a profecia, há duzentos anos, quando estudava os uorks no reino deles, procurando fraquezas.
— Espere, isso não é possível. Ela tem a minha idade, todos a viram crescer neste castelo. Como pode perseguir uorks há séculos?
— Me deixe continuar. Com o conhecimento da profecia, ela começou a procurar todos os locais com regimes monárquicos, onde pudesse ter uma princesa. Foi assim que chegou ao Reino de Kandor, exatamente há dezoito anos. Mas chegou dois dias atrasada. Os uorks também faziam a mesma procura e já estavam aqui por, pelo menos, cem anos, monitorando a família real. A filha recém-nascida do Rei havia sido sequestrada. Shanya interpretou aquilo como um sinal. Perseguiu e encontrou os sequestradores conseguindo resgatar a menina, mas sabia do perigo que todos corriam. Deixou a criança na porta de uma família simples, num povoado, e assumiu o lugar dela para proteger todos pessoalmente, em segredo.
— Explique isso. Ela tomou o lugar de um bebê?
— Vamos confirmar uma coisa antes, Ailim. Olhe para mim. Queira ver quem eu sou. Depois queira ver o que pareço ser. Não tenha medo. Faça agora.
Ailim estava se esforçando para entender, embora a verdade a deixasse cada vez mais assustada. Ela sempre ouviu do casal que a criou com tanto amor e dedicação, que foi encontrada dentro de um cesto, na porta, como um presente dos céus. E sempre disseram que ela parecia ser protegida pelos deuses.
Desejou e conseguiu ver a aura de paz que envolvia o corpo de Ofan, com aquelas asas de luz nas costas. Depois, desejou ver a face do amigo e a aura desapareceu.
— Você é um anjo de verdade?
— Sim. Eu, Shanya e Thael somos. Grande parte dos uorks também, mas são anjos do mal. Pode chamá-los de demônios, os que têm almas negras. Nós e eles, podemos assumir a aparência e a idade de qualquer pessoa. E podemos ocultar nossas almas, até de nós mesmos. É útil quando precisamos ficar invisíveis, passando despercebidos. Shanya é mestre nisso. Quando recebi a missão de proteger a princesa, pensei que fosse ela. Meu erro quase custou a sua vida.
— Você não a conhecia?
— Conheço aqueles dois há milênios. Já trabalhamos juntos centenas de vezes. Cada vez que os encontro, estão com um nome e uma aparência diferentes. Quando escondem as almas, é impossível reconhecê-los, a menos que queiram. É pior quando se disfarçam como animais de estimação. Teve uma missão em que Thael era um pônei. E Shanya já foi uma coelhinha branca.
— Por que ela tomou o lugar da criança?
— Você precisava ser protegida, Ailim. Você é a herdeira. Se ainda está viva, é porque Shanya ficou no seu lugar por dezoito anos, sofrendo todos os atentados que foram dirigidos a você. Já tentaram esfaqueá-la, enforcá-la, foi derrubada de cavalos, tentaram afogá-la e até cozinhá-la num caldeirão. Ela sempre soube se safar. O perigo aumentou nos últimos meses, com a proximidade do seu aniversário, e ela pediu reforços. Thael veio para proteger o Rei e eu para proteger você.
— O Rei sabe?
— Ainda não. Thael o está preparando neste momento. Antes seria perigoso para todos. Shanya se desdobrou para cuidar de você, enquanto mantinha o disfarce, mas estava sozinha. Não conseguiu impedir os uorks de tomarem o trono e mandarem seu pai para as masmorras. Isso acabou sendo providencial. Ela pôde sair do castelo e se juntar as Amazonas, para te proteger mais de perto. Tudo o que acontece sempre tem um propósito, mesmo que não saibamos qual seja.
— Eu pensando que a protegia e todo o tempo foi ela que me protegeu. Isso parece um conto de fadas.
— Você não imagina o quanto ela sofreu ao te ver ferida. Gastamos quase todo nosso arsenal de energias curativas para te recuperar.
Os três anjos haviam discutido isso enquanto Ailim dormia. Não sabiam dizer se o poder da Princesa despertou naturalmente ou se foi induzido pela overdose de energias angelicais. Talvez ela nem fosse mais humana, depois da reconstrução molecular feita nos nervos ópticos e na cabeça. Os três usaram técnicas desenvolvidas na época da criação da raça humana, milênios antes, coisas que a humanidade só terá conhecimento nos séculos futuros, se conseguir evoluir até chegar lá. Ainda podiam surgir efeitos colaterais. Concordaram que só o tempo pode dizer quais serão as consequências, já que tudo sempre tem um propósito.
— Estou pensando. Se sou a princesa, devo adotar o nome Shanya? Esse é o nome que o Rei escolheu.
— Ailim pode ser um nome plebeu, mas também é muito bonito. Converse com seu pai. Ele é um bom homem. A alma dele atesta isso, você verá. Ficará muito feliz em receber a filha de volta, mesmo que esteja usando outro nome. Mas só podemos contar a história toda depois de obtermos uma autorização sua.
— Como assim? Você disse que Thael o estava preparando.
— Superficialmente, sem detalhes. Somos anjos da guarda. Não podemos interferir mais do que já fizemos. Combatemos almas negras, mas não podemos alterar a história. Profecias são mensagens do futuro lançadas no passado. Devem acontecer naturalmente. Ajudamos que se cumpram, mas quem decide são vocês, os humanos.
Os anjos estavam apreensivos. Se a princesa deixou de ser humana como todos os demais, por causa do tratamento, as regras foram quebradas. Mais uma coisa para Shanya resolver com os superiores dela. O assunto é estritamente angelical. Humanos não precisam saber disso, não antes da hora certa.
— Então, o que falta para cumprir esta mensagem do futuro?
— Nos aponte os almas negras e nos deixe trazer a paz. Segundo a profecia, não poderão se esconder de você. Nem nós podemos.
— Eles serão mortos?
— Anjos e demônios não morrem. Se estão materializados, os corpos que ocupam morrem, mas as essências são transportadas para outro local, onde podem se purificar e voltar à ativa. No caso de almas negras pode demorar vários séculos, dependendo de quanto mal praticaram.
— Isso é o que acontece com almas humanas?
— Sim, o processo é o mesmo. Devo avisar que se você vê nossas almas, provavelmente verá as humanas também. As manchas escuras são o mal que as pessoas praticam. Existem manchas de todos os tamanhos e algumas podem ser bem assustadoras. Você vai precisar de algum tempo para se acostumar com esse poder. Lembre-se que nem todos os almas negras que vir foram substituídos por uorks. Muitos são apenas seguidores enganados, com almas manchadas. Seu pai saberá cuidar destes, se não os mandarmos para a reciclagem. Manchas menores podem ser cuidadas por aqui mesmo. As almas demoníacas são negras por completo, sem manchas brancas.
— Acho que não os verei mais, depois da missão completada. Me refiro a você, Shanya e Thael.
— Pode ser, mas não tenha tanta certeza. Ainda sou seu anjo da guarda. Com o poder que tem, não podemos nos esconder de você. Nunca tive uma protegida que pudesse ver como sou realmente. Tudo isso é novo para nós. E não se trata apenas de limpar o castelo. Precisamos sanear o reino e talvez todo o planeta. Isso pode demorar muitos anos.
— Será meu anjo da guarda por toda minha vida?
— Provavelmente. É raro ter substituições. Não se preocupe, sempre estarei por perto para te proteger. E se depender de mim, sua existência será bem longa.
— Acho que entendi. Minha vida teve uma reviravolta quando entrei para as amazonas. Devo estar preparada para mais esta. Vamos, quero conhecer meu pai. Mas antes, o que houve com minhas cicatrizes?
— Eu as curei enquanto escovava esses cabelos ruivos, depois do banho. Deixei algumas para você nunca esquecer do seu treinamento. Ainda não estou totalmente carregado com minhas energias. Quando me recuperar, posso tirar as que ficaram, se quiser.
— Ofan, foi você quem tirou minhas roupas?
— Desculpe se te ofendi. Shanya estava muito ocupada e eu não podia confiar em mais ninguém.
— Na próxima vez, certifique-se antes de que estou acordada. E mais uma coisa. Por favor, nunca saia do meu lado. Foi horrível me sentir abandonada.
— Perfeitamente, Princesa completa.
Ofan piscou um olho, ao usar aquela expressão sem graça. Ailim ficou curiosa para descobrir que tipo de brincadeiras os anjos podiam fazer.
Os dois saíram do quarto ansiosos com o que o destino lhes reservava, sem saber que podiam ser a semente para outra profecia perdida em algum lugar:
Quando a paz nos três universos for alcançada, quatro escolhidos farão surgir um novo, permitindo a primordiais e protegidos viverem juntos em completa harmonia.”


Por favor, comentem a respeito. Gostariam de ver esta história continuar como uma Série no Wattpad? Quantos capítulos? O que querem saber?
Como o Rei reagiu ao saber da troca de princesas? Ailin é realmente a herdeira citada na profecia, ou foi fabricada pelo tratamento? Como os superiores de Shanya entenderam a interferência? Qual a reação dos almas negras? 
É possível desenvolver muita coisa.  Opinem, por gentileza.